2/09/2011

a e Michael Jackson


Depois do começo dos anos 80, Michael Jackson fez-nos perder a
paciência por diversas
vezes, espaçando por muitos anos o intervalo entre os lançamentos
de seus novos discos.
Isso, no entanto, é uma de suas marcas – é o que difere sua música
e sua arte da de
outros artistas, pois a gravação, produção e mixagem de suas
canções é um
processo muito bem cuidado.

Cada vez que escutamos uma de suas canções ouvimos um
novo detalhe e descobrimos uma nova canção dentro da
mesma. A música de Michael Jackson é como vinho precioso,
ficando cada vez melhor com o passar dos anos. Mas nada
é imutável no mundo do Rei do Pop, e em 1997 ele nos
surpreendeu com o lançamento de
Blood On The Dance
Floor para promover a segunda parte
da HIStory Tour,
quase 2 anos após o duploHIStory.
Mas nada foi feito de supetão
. Blood On The Dance
Floor estava em preparação,
mas cercado de grande
segredo, desde o mês de novembro
de 1996. No
entanto,
nenhuma das canções inéditas é
realmente nova.
Para
seus discos, Michael Jackson grava dezenas e
dezenas
de canções – ficamos sem conhecer muitas delas,
é bem
verdade. A escolha final é somente dele, e dela fazem
parte as canções que ele acha que realmente
“merecem” entrar no álbum – o Rei do Pop é notavelmente perfeccionista e
diz que “não faz lados B”,
sendo que todas as faixas que ele coloca em um álbum são dignas de serem
lançadas no formato
compacto, isto é, single.

Em Blood On The Dance Floor foram usadas canções previamente
gravadas e que não
haviam sido escolhidas para entrar nos álbuns para que haviam sido
destinadas.
Eis uma declaração datada de 1998 de Teddy Riley, que compôs
e produziu a canção
“Blood On The Dance Floor” com Michael Jackson para
o álbum Dangerous:
“Me surpreendeu o fato de Michael não ter me chamado
para retrabalharmos a
canção “Blood On The Dance Floor”. Ele se utilizou de uma
gravação que fizemos
há 5 ou 6 anos. Ele deveria ter me chamado para gravarmos novamente,
para dar uma ‘limpada’ no som. Eu acho que ela ficou um pouco velha…”.
Sabe-se, no entanto, que Michael deu essa “limpada” na música, pois a partir
de janeiro de
1997, ao fim da primeira parte da HIStory Tour, ele começou a trabalhar
em um estúdio de
Los Angeles. Em companhia de dois engenheiros de som,
Eddie DeLena – com quem
já havia trabalhado em HIStory – e Andrew Scheps, ele regravou
algumas partes e as remixou.
Esse estúdio era o Record Plant, onde jamais havia gravado.
Diante de um console
de 96 pistas (Solid State Logic 8000 G),
ele foi retalhando e
remontando diversas
canções. Entre elas, “Blood On The Dance Floor”, “Morphine”
– regravada a partir de uma
versão demo feita para o álbum HIStory – e “In The Back”
– que se mantém
inédita até hoje,
pois acabou não entrando no álbum, apesar de ter sido
anunciada na
primeira tracklist
divulgada pela Sony Music. Para melhorar ainda mais a
qualidade do som,
ele retrabalhou as
canções no Mountain Studios de Montreux, na Suíça, fazendo a
mixagem final.
É fato que “Superfly Sister”, presente em
Blood On The Dance Floor,
foi gravada para
Dangerous. Bryan Loren, que compôs a música junto
com Michael Jackson,
fez as seguintes
declarações em uma entrevista dada à revista
Black and White em
outubro de 1998:
“Nós trabalhamos em cerca de 20 a 25 canções
para Dangerous.
Apesar de eu não ter
sido incluído no álbum, posso dizer que minha
influência é presente.
Todas as canções
que figuram no disco lembram o som das que
fizemos juntos.
“Superfly Siter” é uma delas.
No entanto, ela não foi a primeira escolha de
Michael. Ele,
na verdade, queria incluir em
Blood On The Dance Floor uma canção que
havíamos
criado chamada
“Seven Digits”, mas ela não havia sido gravada.
Michael me chamou e eu
comecei a trabalhar na instrumentação, mas abandonamos
o projeto pois Michael
não teria tempo para a gravação”.
Outra canção que já estava pronta é “Is It Scary”,
composta para
a trilha do filme
A Família Addams 2 e não encaixada emHIStory
pelo fato de
“não combinar” com o estilo
das outras canções presentes no álbum. Devido a
desentendimentos entre
Michael Jackson e
a produção do filme, ele decidiu não mais participar
de sua trilha sonora –
e a produção deve
ter se ressentido desse fato, já que há uma pequena brincadeirinha de
mau gosto com
o Rei do Pop durante o filme.
Quanto a “Ghosts”, o que se sabe é que o filme estava pronto pela
metade em 1993, mas
foi abandonado após o escândalo mundial que foi o caso Jordan
Chandler. A canção
homônima foi então gravada para o álbum HIStory, mas acabou não sendo
incluída na seleção final das faixas.
Uma outra informação curiosa é que algumas das canções inéditas
de Blood On The
Dance Floor foram censuradas em alguns países ou realmente se mantêm inéditas
até hoje, pois foram cortadas do CD. No norte da África e em outros países de cultura islâmica do Oriente Médio, Michael teve sua arte censurada.
“Blood On The Dance Floor” foi rebatizada para simplesmente
“On The Dance Floor”,
pois a palavra “blood”, sangue, em português, é considerada blasfematória pelos

islâmicos. A expressão “out to kill” foi substituída por
“how does it feel” através de
uma montagem, pois foi entendida como uma apologia
à violência. No refrão, uma
outra expressão problema: “look who took you under”.
O fato de uma mulher
persuadir um homem não é uma idéia aceita
nesses países,
e a frase foi substituída
por “Susie got your number”. As montagens foram
suficientemente bem-feitas,
como já seria de se esperar quando se refere ao
Rei do Pop, e as mudanças na
cadência da música são quase imperceptíveis.
“Ghosts” ainda teve seu nome mudado para
“Ghost of Jealousy” para evitar uma
confusão e que se acusasse que o título faria uma
alusão ao sobrenatural.
A expressão “put a knife in my back, shot an
arrow in me” foi retirada por
inteiro. Por sorte, “Is It Scary” escapou ilesa
dos órgãos de censura.
Mas “Morphine” recebeu um tratamento de choque –
ela se mantém inédita
no mundo árabe, pois foi excluída da
prensagem dos discos existente
nesses países pelo fato de uma canção que fala sobre
drogas não ser aceita.
Em outros países do oriente, ela foi renomeada para
“Just Say No”, que é o slogan
da campanha contra as drogas em vários países
orientais. E “Superfly Sister”
não poderia deixar de ser revirada, e foi retalhada em pedacinhos. Toda e qualquer
alusão explícita à sexualidade foi suprimida.
Sobre os remixes, Michael nos deixou uma pequena palavrinha
em uma entrevista
exclusiva ao pessoal da revista Black and White em
abril de 1998:
“O que posso dizer
é que eu não gosto deles. Eu não aprecio o
fato de alguém
mexer na minha canção
e transformá-la em uma coisa completamente diferente. Mas a
Sony fala que os jovens amam os remixes…”.

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